quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Para recordar...

«As privadas voltam a ser melhores do que as públicas: 10,43/10. Para se ter uma ideia, há mais 88 escolas com média negativa e a nota da melhor - Colégio São João de Brito, em Lisboa - é inferior 1,87 valores em relação à melhor do ano passado. Pelo menos a média da última colocada subiu em dois valores.
A maior parte das escolas que ocuparam os primeiros lugares no último 'ranking' voltou a fazê-lo nas listas produzidas nas próximas páginas. A novidade é a entrada da St. Peter's School, de Palmela, uma escola privada que lista no 'ranking' pela primeira vez, entrando directamente para o terceiro posto.
Apenas 14 dos 269 concelhos representados no 'ranking' obtiveram média positiva, com Ferreira do Zêzere no topo e Tondela a fechar a lista dos que passaram no exame. Mas a nível distrital, foi o descalabro: todos chumbaram.
Os resultados valem por si e são apenas uma listagem da média dos exames: não são ponderadas as condições socioeconómicas e culturais dos estudantes e do meio onde as escolas se inserem nem as condições de trabalho dos professores. Mas nas reportagens que o CM realizou, publicadas nas páginas 6 a 10 desta edição, procura-se explicar o porquê das melhores e piores classificações.
Fomos a seis escolas: a melhor nacional (Colégio São João de Brito, em Lisboa), a melhor pública (Escola Soares dos Reis, no Porto), a que mais subiu na média (Instituto de Educação e Desenvolvimento, na Maia), a pior nacional (EB 2,3 Maceira/Lis, em Leiria), a pior privada (Escola Pré-Universitária Autónoma, em Lisboa) e a que mais desceu na média (Secundária D. Pedro I, em Alcobaça).
Todas nos abriram as portas e procuraram esclarecer o porquê das posições que ocupam, excepto uma: a de Alcobaça, que passou de uma média de 12,24 valores para 8,27.
O Conselho Executivo, que responde perante toda a comunidade escolar, preferiu não explicar o porquê de tão tremenda descida nas médias.

MELHORES PÚBLICAS
- Secundária Soares dos Reis (Porto): 13,31 (2.ª)
- Secundária José Gomes Ferreira (Lisboa): 12,72 (10.ª)
- Secundária do Restelo (Lisboa): 12,69 (11.ª)

MELHORES PRIVADAS
- Colégio São João de Brito (Lisboa): 13,54 (1.ª)
- Colégio St. Peter's School (Palmela): 13,27 (3.ª)
- Colégio Manuel Bernardes (Lisboa): 13,11 (4.ª)

PIORES PÚBLICAS
- EB 23 Maceira/Lis (Leiria): 6,74 (598.ª)
- EB 2,3 Agostinho Rodrigues (Alter do Chão): 6,81 (597.ª)
- EB23 Alfândega da Fé: 6,97 (595.ª)

PIORES PRIVADAS
- Instituto Diocesano João Paulo II (S. Tomé e Príncipe): 6,15 (599.ª)
- Escola Pré-Universitária Autónoma (Lisboa): 6,96 (596.ª)
- Ext. Sebastião da Gama (Lisboa): 7,34 (592.ª)

'RANKING'

PORTO SANTO
A Escola Secundária Professor Francisco de Freitas Branco, na ilha de Porto Santo, é a escola pública que mais subiu na méda: de 6,88 passou a 9,16

COLÉGIOS EM CIMA
O Colégio Mira-Rio, líder no ano passado, desceu para o nono lugar; o Colégio Valsassina, o Colégio Moderno e o Colégio Luso-Francês têm médias semelhantes, ocupando os 13.º, 14.º e 15.º lugares

CASA PIA EM BAIXO
O Colégio de Pina Manique, da Casa Pia de Lisboa, quedou-se pelo 507.º lugar, com uma média de 8,71 valores.

PAMPILHOSA
A Escola Básica Integrada da Pampilhosa da Serra conseguiu abandonar os últimos postos do 'ranking'.

ESTRANGEIRO
Seis escolas do estrangeiro fazem parte da lista enviada pelo Ministério da Educação: cinco em África e uma em Macau. Só a Escola Portuguesa de Luanda tem média positiva.

NOTAS
- Mais uma vez é uma escola privada que lidera o 'ranking'. No entanto, a média do Colégio S. João de Brito é inferior à do Colégio Mira-Rio, líder em 2005 (este ano está em nono): baixou de 15,41 para 13,54 valores.
- As 20 melhores escolas dividem-se entre as cidades de Lisboa (10), Porto (5), Coimbra (2), Cascais (1) e Loulé (1). A vila de Palmela obtém o 3.º lugar, com o Colégio St. Peter's School, novidade no 'ranking'.
- As escolas públicas conseguem boa classificação: em 2005, a melhor estava em 12.º (Infanta D. Maria, Coimbra). Este ano, a 'medalha de prata' vai para a Soares dos Reis, do Porto, que subiu 61 lugares.
- As escolas privadas voltam a assumir as melhores posições do 'ranking': entre as primeiras dez, só figuram duas escolas públicas, em 2.º e 10.º lugares. Nas primeiras 20, 15 são privadas.
- O melhor escola pública do Interior é a Abade de Baçal, em Bragança, que consegue colocar-se na 31.ª posição, com uma média de 11,68 valores. A seguir está a Dionísio Augusto Cunha, em Nelas, no 46.º lugar.
- O concelho de Ferreira do Zêzere, no distrito de Santarém, é o que tem a média mais elevada do País: 10,49. Segue-se Arruda dos Vinhos (10,36) e Lisboa (10,25). O último é Fronteira, com 5,69 valores.
- A média nas escolas públicas é de 10 valores (10,14 em 2005), enquanto nas privadas chega aos 10,43 (10,54 no ano passado). A nível nacional, os alunos internos obtiveram uma média de 10,05 valores.
- A média da pior pública foi superior à pior de 2005: a EBI da Pampilhosa da Serra teve 6,40 de média, este ano a EB2,3 Maceira-Lis teve 6,74 valores de média. A média da melhor pública baixou de 13,51 para 13,31.
- Quatro escolas que assinaram contratos de desenvolvimento para combater a violência e o insucesso estão no 'ranking': Inês de Castro, Gaia (155.º lugar); Monte da Caparica, Almada (342.º); Cerco, Porto (519.º); e Azevedo Neves, Amadora (581.º).
- As melhores escolas públicas de algumas cidades em 2005 voltam a ser as melhores: em Lisboa, a José Gomes Ferreira; em Braga, a Carlos Amarante; em Coimbra, a Infanta D. Maria; em Beja, a Diogo Gouveia; em Bragança, a Abade de Baçal.
- Metade das dez escolas candidatas aos contratos de autonomia estão no 'top 100': João da Silva Correia (34.º lugar), Quinta do Marquês (60.º), João Gonçalves Zarco (73.º), Dr. Joaquim de Carvalho (82.º) e Eça de Queiroz (P. Varzim, 98.º).
- Os alunos do distrito de Lisboa (fora da Área Metropolitana) são os que melhor se portaram: 78 por cento das escolas (7 em 9) tem média positiva. A seguir estão os da Área Metropolitana do Porto: 66 por cento positivo (53 em 80).
- A escola onde se realizaram mais provas foi a Secundária Jaime Moniz, no Funchal: 3539 exames (cerca de metade dos realizados em todo o distrito de Beja). Nas privadas, foi o Externato Ribadouro que realizou mais exames: 2227.
- Os alunos da D. João de Castro (Lisboa), que deixou de ter turmas, conseguiram média positiva: 10,04 (247.º lugar). Melhor do que os da Fonseca Benevides (7,81) e pior que os da Rainha D. Amélia (11,08), para onde as turmas foram transferidas.
- A hecatombe das notas reflecte-se na média de cada distrito: todos têm média negativa. A Área Metropolitana do Porto lidera, com 9,85, seguida de Lisboa (fora da Área Metropolitana), com 9,77. Portalegre é o pior: 8,52 valores.
- Foram realizados mais de 500 mil exames do 11.º e 12.º anos. Os do 11.º contam para a candidatura ao Ensino Superior dos que frequen-tam agora o 12.º. Nas escolas públicas, os alunos internos realizaram 344 975 provas; nas privadas foram 44 275.
- Os alunos da região do Porto foram os que obtiveram média mais elevada: 9,85. A seguir ficaram os do distrito de Lisboa (fora da Área Metropolitana) 9,77. Portalegre (8,52) e Madeira (8,61) voltam a ficar nos últimos lugares do 'ranking'.
- Foi no concelho de Lisboa que se realizaram mais provas: 37 891, mais que no conjunto dos distritos alentejanos ou transmontanos, por exemplo. Vila de Rei e Fronteira estão no extremo oposto, com apenas 21 exames nacionais do secundário.
- 432 escolas baixaram as médias em relação a 2005. A que mais desceu foi a Secundária D. Pedro I, de Alcobaça, que passou de 12,24 de média para 8,27. A Secundária de Porto Santo (Madeira) subiu a média em 2,28 valores.
- O maior 'trambolhão' foi da Secundária D. Pedro I (Alcobaça): de 62.ª em 2005 situa-se agora na posição 541. A que mais subiu foi a Amato Lusitano (C. Branco), que trepou 337 postos, melhorando a média em 1,33 valores.
- Das 490 escolas públicas, 199 têm média positiva e 291 estão negativas. Nas privadas há 59 positivas e 58 negativas. No global há 258 escolas com média igual ou superior a dez valores, menos 88 que as registadas no 'ranking' do ano passado.
- A pior pública de Lisboa é a Eça de Queiroz (Olivais), que ocupa o 583.º lugar entre 599 escolas com mais de 25 provas realizadas. A secundária com 3.º Ciclo do Cerco ocupa o último lugar entre as escolas públicas no Porto e a 519.ª posição no 'ranking'.
- As oito escolas do distrito de Portalegre têm uma média inferior a dez valores. Outros quatro distritos estão mal no 'ranking'. Com uma positiva estão Beja (52.º) e a Madeira (187.º) e com duas, Évora (66.º e 96.º) e Guarda (181.º e 289.º).
- O Externato Horizonte, no Porto, é a escola que, a nível nacional, tem a média mais elevada nos exames realizados pelos alunos internos - no entanto, como só teve sete provas, não atinge o critério estabelecido no 'ranking' do CM.

MÉDIAS POR DISTRITO
Viana do Castelo: 9,48
Braga: 9,34
Vila Real: 8,73
Bragança: 8,74
Porto (área metropolitana): 9,61
Porto (fora da área metropolitana): 9,02
Aveiro: 9,46
Viseu: 9,28
Guarda: 8,73
Coimbra: 9,67
Castelo Branco: 9,16
Lisboa (área metropolitana): 9,61
Lisboa (fora da área metropolitana): 9,77
Santarém: 9,47
Portalegre: 8,52
Setúbal: 9,24
Évora: 9,01
Beja: 9,07
Faro: 8,97
Açores: 8,97
Madeira: 8,61»


In Correio da Manhã 21-10-06

1 Comentários:

Blogger José Carrancudo disse...

É natural que as escolas privadas aparentam apresentar resultados melhores que as escolas públicas, já que está envolvido o dinheiro pago pelos pais e recebido pelas escolas. Assim, surgem vários factores que actuam no mesmo sentido, melhorando as notas, embora não necessariamente a qualidade de aprendizagem:
1. As escolas privadas dão notas demasiado altas, correspondendo às expectativas dos pais de serem melhor servidos;
2. Os pais pressionam mais os filhos ou os passam para uma escola pública, quando o filho não corresponde às suas expectativas;
3. Os pais mais bem formados frequentemente preocupam-se mais com o ensino dos seus filhos, tanto proporcionando-lhes alguma ajuda em casa, por via dos explicadores ou pessoalmente, como colocando-os numa escola privada, alegadamente melhor que uma vizinha escola pública. Assim, um aluno da escola privada recebe mais ajudas.
4. As escolas privadas usualmente não têm tantos problemas com a disciplina dos alunos, o que também facilita o ensino e a aprendizagem.
5. As escolas privadas podem atrair melhores professores.

Com melhores alunos, melhores professores e uma incentiva maior de dar notas mais altas, os resultados das privadas, na média, serão sempre melhores.

14 de outubro de 2007 às 10:37  

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